
DPOC e COVID-19: uma associação perigosa?
5 de Setembro, 2022
Lucía Méndez González
Enfermeira no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga
Poster: COPD and COVID-19: A dangerous association?
A doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC) é a doença respiratória crónica mais comum. Estima-se que exista uma prevalência global de 9-10% e, concretamente na Europa, de 12,4%, mas estima-se que o número poderá ser muito superior porque ainda é muito subdiagnosticada.
Atualmente não existe evidência clara de que a DPOC aumente a suscetibilidade de COVID-19, mas existe uma crescente preocupação sobre a possibilidade de que a DPOC seja um fator de risco para piores resultados clínicos na COVID-19. Uma resposta imunitária inata e adaptativa alterada que pode resultar na clearance retardada de vírus respiratórios e, portanto, pode espalhar o SARS-CoV-2 nos pulmões, levando a uma rápida deterioração clínica e progressão da COVID-19.
O objetivo do estudo é entender as características epidemiológicas e clínicas dos doentes hospitalizados por COVID-19 para descobrir o impacto da DPOC na progressão e mortalidade.
Encontramos uma prevalência de DPOC na amostra de 8,92%, o que sugere que não existe clara evidência de que a DPOC aumenta a suscetibilidade de COVID-19.
Os indivíduos com DPOC eram maioritariamente homens idosos com várias comorbilidades, destacando as doenças cardiovasculares e obesidade entre elas.
As exacerbações da DPOC associam-se frequentemente a co-infeções, mas os doentes com DPOC tiveram similares resultados de infeções nosocomiais do que o resto dos indivíduos.
Os doentes com DPOC podem ter disfunção das células endoteliais e coagulopatia aumentada, o que pode predispor para uma pior progressão da COVID-19, mas na nossa amostra os doentes com DPOC tiveram uma menor taxa de progressão para a COVID-19 severo, pois só 15% precisou de internamento na Unidade de Cuidados Intensivos.
Para a maioria dos doentes com DPOC o tratamento foi a estabilização das comorbilidades e o oxigénio convencional, mas para os doentes críticos a terapia com Helmet-CPAP e a ventilação não invasiva foram especialmente importantes.
Ainda que a taxa de mortalidade dos doentes com DPOC tenha sido ligeiramente superior, o Odds Ratio não teve significância estatística, o que leva à conclusão principal do estudo: os doentes com DPOC não têm um risco aumentado de mortalidade ou severidade na COVID-19.