Doentes hospitalizados com COVID-19: o impacto das infeções nosocomiais

Doentes hospitalizados com COVID-19: o impacto das infeções nosocomiais

5 de Setembro, 2022

Lucía Méndez González
Enfermeira no Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga
Poster: Hospitalised patients with COVID-19: The impact of nosocomial infections

Uma infeção associada aos cuidados de saúde (IAC), é uma infeção localizada ou sistémica resultante de uma reação adversa à presença de um agente infecioso ou da sua toxina. Estima-se que 6% de todos os doentes internados nos hospitais europeus virão a desenvolver uma IAC. Estas infeções aumentam a morbilidade, mortalidade e os dias de internamento, provocando custos de saúde para os doentes a suas famílias e também elevados custos económicos para os sistemas de saúde.

As IACs nos doentes com COVID-19 têm sido sub-investigadas e relatadas até agora, pelo que investigação nesta área deve ser promovida.

O objetivo deste estudo e descrever as caraterísticas epidemiológicas e microbiológicas dos pacientes hospitalizados por COVID-19 assim como o impacto das IACs.

Foi realizado um estudo descritivo e retrospetivo num hospital do norte de Portugal, com uma amostra de 1110 doentes hospitalizados por COVID-19.

Descobrimos uma elevada incidência de IACs na amostra com 20,63% dos indivíduos. Estes indivíduos eram maioritariamente homens idosos com várias comorbilidades, as quais sãos similares as que apresentam os doentes hospitalizados por COVID-19, destacando-se as cardiovasculares, em especial a hipertensão arterial. O suporte respiratório requerido foi principalmente o oxigénio convencional e para os doentes críticos o Helmet-CPAP em primeiro lugar e depois a ventilação mecânica invasiva.

A infeção nosocomial mais frequente foi a pneumonia nosocomial não associada ao ventilador (em primeiro lugar, com 54% da amostra) e, em segundo lugar, com 32%, as infeções urinárias. Estes diagnósticos foram realizados maioritariamente de forma clínica e tratados empiricamente, pois encontramos um número reduzido de isolamentos do agente patogénico. Só 27,95% do total da amostra, e especialmente nas pneumonias nosocomiais não associadas ao ventilador com 1,6%.

As bactérias com mais isolamentos foram a Escherichia coli e a Klebsiella pneumoniae, ambas espécies de enterobacteriaceas Gram negativas. A sua alta resistência aso carbapenemas faz com que sejam difíceis de tratar.

O risco de mortalidade para os indivíduos com IACs foi calculado e mostrou que estes indivíduos têm 61,34% (Odds Ratio 1,6) mais risco de mortalidade.

Como conclusão podemos dizer que os doentes hospitalizados por COVID-19 têm uma elevada incidência de infeções nosocomiais, sendo a pneumonia não associada ao ventilador a mais frequente e tratada maioritariamente de forma empírica. As IACs constituem um elevado fator de risco de mortalidade nos doentes hospitalizados por COVID-19.