Alterações pulmonares pós COVID-19: quais as diferenças funcionais?

Alterações pulmonares pós COVID-19: quais as diferenças funcionais em todo o espectro da gravidade da doença?

5 de Setembro, 2022

Dr.ª Mónica Grafino
Pneumologista no Hospital da Luz Lisboa
Poster: "Lung changes after COVID-19: What are the functional differences across the spectrum of disease severity?”

As consequências respiratórias após a infeção por SARS-CoV-2 ainda não estão completamente esclarecidas, nomeadamente nos indivíduos com infeções não graves/criticas. As provas de função respiratória e a prova de marcha dos 6 minutos são exames seguros e acessíveis para avaliar a função respiratória e funcional.

O objetivo do nosso trabalho foi comparar os indivíduos com infeção prévia por SARS-CoV-2 não grave vs com infeção grave/crítica relativamente à prova de função pulmonar e à prova de marcha dos 6 minutos.

Foram selecionados os indivíduos avaliados em consulta de Pneumologia do Hospital da Luz Lisboa e Hospital da Luz Setúbal, durante 7 meses, que realizaram provas de função respiratória e prova de marcha dos 6 minutos. Comparou-se os indivíduos com doença não grave/crítica vs doença grave ou crítica relativamente aos parâmetros obtidos na prova de função respiratória e prova de marcha dos 6 minutos, através de testes estatísticos apropriados (p-value 0,05).

Foram incluídos 151 indivíduos, 69 (45,7%) com doença grave ou crítica. A prova de função respiratória e a prova de marcha foram realizadas cerca de 4 meses após a infeção, sem diferença entre os grupos. O grupo com doença grave/crítica apresentou menor capacidade vital forçada (FVC, %) (94,4±14,7 vs 101,1±12,6%, p=0,003), menor capacidade pulmonar total (TLC,%) (95,4±15,3 vs 107,1±12,3%, p=0,000) e menor capacidade de transferência alvéolo-capilar do monóxido de carbono (DLCO, %) (68, 8 ± 16.5 vs 78,9±15,9%, p=0,000). Não se documentaram diferenças no volume de ar expirado no primeiro segundo (FEV1), na relação FEV1/FVC e no coeficiente de transferência alvéolo-capilar do monóxido de carbono (KCO).

Foram incluídos 151 indivíduos, 69 (45,7%) com doença grave ou crítica. A prova de função respiratória e a prova de marcha foram realizadas cerca de 4 meses após a infeção, sem diferença entre os grupos. O grupo com doença grave/crítica apresentou menor capacidade vital forçada (FVC, %) (94,4±14,7 vs 101,1±12,6%, p=0,003), menor capacidade pulmonar total (TLC,%) (95,4±15,3 vs 107,1±12,3%, p=0,000) e menor capacidade de transferência alvéolo-capilar do monóxido de carbono (DLCO, %) (68, 8 ± 16.5 vs 78,9±15,9%, p=0,000). Não se documentaram diferenças no volume de ar expirado no primeiro segundo (FEV1), na relação FEV1/FVC e no coeficiente de transferência alvéolo-capilar do monóxido de carbono (KCO).

Em suma, este trabalho permitiu avaliar indivíduos com infeção SARS-CoV-2 menos grave, habitualmente não estudados. Comparando-os com indivíduos com infeção grave/crítica, os últimos apresentaram maior limitação funcional, nomeadamente nos volumes pulmonares, DLCO e capacidade submáxima para o exercício.